sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Confraria de Baco - edição 33º









Nessa edição algumas ousadias bem sucedidas em termos de harmonização. Os vinhos tiveram um ganho extra de vivacidade que impressionou. Destaque para Clos Mireille Domaines Ott Rosé com o queijo holandês Maasdam guarnecido de purê de pêssego fresco. Texturas afinadíssimas com fruta e dulçor em perfeito equilíbrio. Chateau Romassan Bandol e Chateau Le Puy Bourdeaux - dois vinhos diferentes mas cada um teve seu brilho diante do prato principal. Le Puy com ótimo potencial e ganhando muito com o prato. Romassan apresentando sutileza e rusticidade que agradou em cheio. Enfim, belos vinhos...belos pratos. Comer e beber vinho com qualidade é algo que se deve cultivar, independente de nacionalidade e preço. Sem dúvida nenhuma essa é uma alegria indispensável! Saúde!

Confraria Ilha Verde - Puglia



Desgustação seguida de jantar harmonizado com vinhos da Puglia-Itália. Confraria Ilha Verde-Represa. Foi, e será um grande prazer elaborar as degustações com esse grupo. Pessoas agradáveis e interessadas no mundo do vinho. Em relação aos vinhos, o destaque ficou por conta do Settebraccia Negroamaro-Sussumanielo IGP Salento 2013. A casta Sussumanielo está praticamente extinta na região, mas a Cantina Sampietrana se encarregou de realizar um ótimo trabalho com a mesma e elaborar esse corte com a Negroamaro, resultando num tinto muito agradável de se beber. Diferentemente de muitos outros rótulos dessa região, os quais possuem dosagem excessiva de extração, o Settebraccia possui bom frescor, textura fina e final muito bem acabado. O equilíbrio e a fruta de ótima qualidade o fazem realmente instigante. Enfim, a programação para o próximo encontro já está em andamento e certamente será uma grande noite!

Rioja no seu melhor estilo



Remirez de Ganuza Reserva 2006! Belíssimo representante de Rioja! Aliás, está entre os melhores de toda Espanha com certeza! Um Rioja que esbanja austeridade sem perder a finesse. Rústico, mas também moderno. Volumoso, porém sutil! Acidez fantástica que complementa um conjunto de grande complexidade. Vinhaço! Obs: esse produtor está no seleto grupo que já amealhou 100 pontos pela crítica especializada

98 pontos Guia Descorchados






Nesse caso, "Silencio" quer dizer muita coisa. Principalmente no que diz respeito ao acabamento preciso dos elementos que integram esse grande tinto chileno! Eleito o melhor tinto do Guia Descorchados de 2016 com 98 pontos, ele se desenha ao palato surpreendentemente uniforme! Profundo, encaixado e muito bem trabalhado! Grande vinho!

Verdadeiro biológico - Domaine de Terrebrune





Domaine de Terrebrune Rosé Bandol 2013 - Pouco se sabe sobre este incrível produtor de vinhos na Provence. Digo pouco por nunca ter sido importado para o Brasil. Um verdadeiro ícone dessa apelação! Estrutura firme, complexo, cremoso, cheio de nuances e dono de um final de boca quase mastigável. Aromaticamente, evoluirá muito bem nos próximos anos trazendo ainda mais complexidade. Próximos anos sim, pois esse é dos poucos rosés que suportam guarda de mais de 15 anos! Incrível! 

Esquerdo e Direito




Bourdeaux em lados distintos. Esquerdo ou direito, há particularidades em ambos que não levam a fazer qualquer tipo de comparação entre os mesmos. Aliás, a intenção nem é essa, mesmo porque temos alguns detalhes nos dois vinhos que merecem destaque. Lógico que a safra 2005 ajudou a fazer o Branaire Drucru quase impecável em termos de equilíbrio. A densidade, a textura cremosa e precisão do conjunto é algo surpreendente. Compacto, cheio de camadas e de extrema finesse, elevameste vinho num patamar muito considerável. Quanto ao Fleur Cardinale, identifica-se ótima estrutura, fruta menos madura, e acidez impecável. 2007, possui nervo suficiente para que daqui alguns anos seja ainda mais prazeroso. Enfim, dois vinhos fantásticos que refletem bem as condições climáticas que as safras de 2005 e 2007 sofreram. Belíssimos!

Duas garrafas de puro prazer!



O primeiro é um velho conhecido produzido na Toscana - Chianti Clássico Castelo di Ama 2006. Certa madurez aliada aos taninos polidos, entretanto, sua densidade combinada com a bela acidez indica capacidade para seguir alguns anos à frente tranqüilamente. O segundo é produzido no Uruguai, pela belíssima e conceituada vinícola Família Deicas. Talvez seja uma das vinícolas sul americanas com maior inclinação para o estilo velho mundista. Preludio 2009 é fino, estruturado e carrega boa energia para viver mais alguns bons anos à frente também.

Durienses de Raça!



Quinta do Vale Meão 2008 - Quinta Casa Amarela 2007 >> Quinta do Vale Meão, desde o seu surgimento, sempre foi, e é, aclamado entre os cinco melhores tintos de Portugal. Embora 2008, nesse caso, creio que não esteja pronto para ser apreciado como se deve. Longe do seu apogeu, nesse momento está nervoso, com taninos que necessitam doma. A qualidade da fruta, aliada a acidez bem traçada chama atenção, e o álcool se encaixará melhor com o tempo. Quanto ao Quinta Casa Amarela, este está muito bem desenhado, equilibrado, com ótima estrutura e muito fino. Taninos polidos, de grande qualidade e final bem acabado.
Obs: Intensidade e complexidade aromática equivalente em ambos os vinhos. O primeiro com mais potencial, entretanto o prazer atual é do Quinta Casa Amarela 2007.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Dose tripla!





Belíssimos vinhos! Cada um com sua particularidade de estilo. De entrada um rosé Austríaco da casta Zweigelt, produtor Kracher. Acidez pungente de ótimo apelo gastronômico. Logo após, Salanques Mas Doix Priorat 2008. Ótimo representante do Priorato, com boa amplitude em boca, estrutura sólida e álcool um pouco aparente. Indícios que a evolução em garrafa absorverá os excessos embora 2008. Quanto ao Sauternes, esse brilha! Chateau Haut Mayne é um grande produtor de vinhos dessa denominação. Densidade, profundidade e equilíbrio. Itens que são indispensáveis a um grande Sauternes!

Clássicos Riojanos!


 




É sempre um imenso prazer degustar vinhos Muga e Marques De Riscal. Quando temos conhecimento do minucioso trabalho que cada uma dessas vinícolas empregam, certamente há uma satisfação toda especial para tal momento. Princípios tradicionalistas na produção. Dois grandes vinhos. PRADO ENEA 2005, BARON DE CHIREL 2006. A safra 2005 em Rioja foi um pouco mais favorável e a pureza da fruta, combinada com a sutileza da madeira, faz do Prado Enea, mais completo aromaticamente. Mais finesse...mais instigante. Em boca repete o estilo, sendo delineadamente vertical e muito prazeroso. Baron de Chirel 2006, no aroma, traz uma pitada saliente de madeira com um nível de tosta um pouco além do que gostaria. Menos variante também.
Gustativamente, mais volume, estrutura e potência. Certamente evoluirá muito bem e um equilíbrio maior virá. Cada um com seus atributos...cada qual com seus méritos honrados!

Sutilezas Borgonhesas






Dois ótimos representantes de suas respectivas AOCs. Naturalmente, o primeiro é mais significativo e identifica bem a comuna que representa. Pommard produz Pinots mais volumosos, densos e rústicos. Certamente Nuiton Beaunoy emprega a esse ótimo Pinot 2012 essas características e outras mais. A precisão dos elementos chama atenção, denotando boa capacidade para envelhecimento. O Chassagne Montrachet de Olivier Le Flaive é mais aberto, causa menos impacto, mas satisfaz o gosto daqueles que exigem mais de um simples Pinot da Borgonha. Apenas em termos de aroma que ambos poderiam trazer um pouco mais de intensidade. Pensando em Borgonha, ainda são bons custo/benefício (350,00 e 300,00, respectivamente), pois o aumento de preço está significativamente acelerado, sendo que muitos vinhos já deixaram de ser, infelizmente.

A força de Ribeira del Duero!





Alion 2007 - Ribera Del Duero - Spain - Um dos grandes tintos da Espanha. Realmente é merecida a posição, entretanto precisa de mais tempo para integrar a madeira, levemente saliente. Os outros componentes estão bem integrados entre sí, embora a carga tânica ainda necessite de molde. Nervoso, prezando mais pela força do que pela elegância nesse momento. O tempo se encarregará de impor ao conjunto melhor sintonia, pois capacidade para isso ele tem de sobra!

A pureza de Pessac-Léognan









Domaine de Chevalier 2012 - Pessac-Léognan - Graves - Bourdeaux - France. Tinto de pura sedução, amável num primeiro instante, mas indomável no percurso. Precisa de tempo e paciência para lapidá-lo, já que se encontra inquieto. O passar dos anos o deixará mais moldado e apto para que se extraia todo seu prazer. Mas uma característica que realmente chama atenção, é pela pureza dos elementos que constroem esse tinto. Mínimo de intervencionismo e uma bela filosofia é empregada por Olivier Bernard, o qual é presidente do Domaine Chevalier e grande personalidade do mundo do vinho.

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Château Cantenac Brown 2012









Chateau Cantenac Brown 2012 - Margaux-Bourdeaux-France :::: Grand Cru Classe. Margaux é a comuna mais extensa das AC de Bordeaux. Se a safra contribuir, torna-se uma das comunas mais sedutoras também. Essa qualidade é bem perceptível nesse rótulo. Como a safra é bem recente, necessário se fez a aeração por 1:30hr, já que no inicio estava bem fechado. Logo após, a intensidade de aromas foi se evidenciando. Mas o que chamou atenção mesmo foi pelo volume e concentração, acompanhada de uma sedosidade incrível. Logicamente, embora com certo equilíbrio, ganhará mais atributos com pelo menos mais 5 anos em garrafa. Belíssimo conjunto, belíssimo vinho!

Gianfranco Fino!





Primitivo di Manduria ES Gianfranco Fino 2009. Eleito o melhor Primitivo da Itália por vários anos consecutivos. Tradição engarrafada. Realmente um grande vinho italiano, que embora possua uma boa carga frutal, seu frescor é impressionante e derruba os seus incríveis 16,5% de álcool com muita eficiência. Além disso, possuí firmeza e tensão para complementar este belíssimo conjunto. Grandioso! Indisponível no Brasil, na Itália 40 euros.

Conceituado X Conceito









De um lado, o conceituadíssimo enólogo Alejandro Vigil, junto a Adrianna Catena, no projeto El Gran Enemigo. Do outro, o ousado, e também conceituado enólogo, Matias Michelini com o rótulo "Demente". O primeiro é composto de 85% Cabernet Franc e 15% Malbec, sendo classificado como Single Vineyard. O segundo é elaborado com 65% Malbec e 45% Cabernet Franc. Os dois rótulos são provenientes de Gualtallary - Tupungato - Mendoza - Argentina. Ambos são grandes vinhos, porém, um deles, com conceito diferente. O primeiro, criado com o intuito de apresentar algo "novo", transmitiu uma pitada de seus "primos" Catenas, ou seja, levemente padronizados. Já o segundo, foge de características mais "comerciais", e esse sim apresenta uma concepção distinta e de muita qualidade também!

Eis um Carmignano!




Carmignano é uma comuna italiana de 12.000 habitantes, localizada ao norte da Toscana, a cerca de 20 km de distância de Florença. Os vinhos dessa comuna que ostentam DOCG no rótulo, obrigatoriamente são compostos por um mínimo de 50% de Sangiovese e 10% de Cabernet Sauvignon (casta internacional). É um dos vinhos mais tradicionais da Itália, e talvez careça de prestígio para nós em função da produção limitadíssima, sendo uma das menores DOCGs, se não for amenor. Para enfatizar, segue abaixo um exemplo de Carmignano, o Piaggia Riserva 2008 (70% sangiovese, 20% Cabernet Sauvingon e 10% Merlot) - Mauro Vanucci - um grande vinho italiano, generoso, robusto, vibrante e cheio de tensão. Digo sem medo que os grandes Carmignanos estão entre os vinhos mais longevos da Itália. Infelizmente, indisponível aqui no Brasil. Na Itália,algo em torno de 35 Euros. Se viesse pra cá, no país dos grandes IMPOSTO(res) políticos, esse vinho não sairia por menos de R$ 500,00.